Por Cristiano
Caporezzo
Eis uma pergunta para aqueles que possuem o mínimo de consciência
a respeito da lastimável conjuntura intelectual em que se encontra o povo
brasileiro: Dentre vocês quem não conhece alguém que, assim como graúda parte
da população tupiniquim, está envolto pela mais deprimente ignorância, porém
que em determinado momento teve a necessidade de aprender algo específico e, ao
fazê-lo, passou a sentir-se tão superior aos demais ao ponto de colocar a si
mesmo em um pedestal de arrogância e julgar-se como modelo de elevado padrão
para todos os outros?
Pois bem, infelizmente a mentalidade (ou mendacidade) acadêmica no
Brasil é responsável por criar um dos ambientes que formam milhares de
indivíduos aptos a se portar dessa maneira. São alunos que aviltam o
conhecimento ao utilizá-lo como mero meio para conseguir um fim como, por
exemplo, quando desejam apenas ganhar um título que lhes possibilite prestar um
concurso público (eles simplesmente ignoram o fato de que o conhecimento, per
se, já deve ser o mais nobre fim para quem o estuda). Então, após realizar as
suas efêmeras intenções, colocam-se como suprassumos de suas respectivas
sociedades. Em síntese, pelo conhecimento meramente específico que possuem em
relação aos demais populares de seus convívios julgam-se, pateticamente,
superiores em todos os sentidos reais e hipotéticos. Apesar disso a grande
maioria dessas pessoas costumam ser taxadas como arrogantes pelos demais,
mantendo, deste modo, os seus imaginados prestígios apenas para a esfera das
suas próprias imaginações.
Dos vários indivíduos com este tipo deplorável de comportamento,
pouquíssimos se tornam proeminentes nas suas respectivas áreas do saber.
Sujeitos diferenciados como esses não demoram a se destacar na sociedade e a
serem envoltos por ignaros bajuladores que os ajudam a desenvolver uma certa
quiromania narcisista entorno dos seus respectivos atributos. Estes, assim como
o tipo que descrevi no parágrafo anterior, também se enxergam como modelo para
sociedade, porém existem três substanciais aspectos que os diferem.
Primeiro: eles são melhores naquilo que se propuseram a fazer.
Segundo: em decorrência disso pensam, de maneira flagrante, que podem ou devem
opinar em todos os tipos de assuntos, mesmo aqueles que fogem claramente as
suas limitadas esferas de conhecimento. Terceiro: infelizmente eles costumam
ser levados muito a sério pelas demais pessoas por estas não possuírem
percepção suficiente para notar certos erros afirmativos que os denunciam (como
a contradição), bem como por não possuírem parâmetros comparativos diretos e
interesse investigativo.
Para dar um exemplo concludente desse tipo de sujeito é necessário
retornar ao ambiente universitário, só que dessa vez eles não serão facilmente
encontrados entre alunos, mas sim entre aqueles que exercem o magistério.
Exemplos não faltam: é o professor de contabilidade que resolve interromper sua
aula para falar que a legalização do aborto é necessária; é a professora de
história que, após um discurso sobre justiça social para grupos LGBT, resolve
passar um questionário para saber se os alunos são favoráveis a aprovação de
leis mais rígidas contra a homofobia; é o palestrante que deveria falar sobre
direito romano e acaba divagando sobre a importância das cotas raciais para
mitigar a desigualdade social que oprime os pobres pretos desprivilegiados,
etc.
É evidente que todos os exemplos acima possuem algo em comum: são
pessoas que defendem os lobbies existentes na militância esquerdista atual. Por
causa disso o leitor já deve estar imaginando que aqueles que o proferem são
militantes do socialismo. Acontece que o presente texto não trata sobre esse
tipo distinto de indivíduo que utiliza, conscientemente, uma posição
privilegiada que ocupa para fazer proselitismo ideológico. Se assim o fosse,
provavelmente, ao decorrer do presente já haveria citado nomes como o da
Marilena Chauí, que é “professora” de filosofia da USP.
O tipo específico de professorado ao qual me refiro não são
pessoas que possuem militância política alguma, entretanto são aqueles que, por
possuírem um conhecimento distinto, se acham detentores de grande sabedoria e,
por isso mesmo, agem como proficientes entendedores de quase todos os assuntos
possíveis. Essas pessoas lêem os periódicos, assistem a palestras de certos
doutores que exercem militância velada, e alguns até mesmo lêem os livros do
momento que foram aprovados pelo Ministério da Educação. Tudo isso objetivando,
em seguida, regurgitar para os seus despreparados alunos um monte de
informações altamente tendenciosas e questionáveis até o último caractere como
se fossem verdades irrefragáveis.
Então por que todos os exemplos que citei se referem à militância
esquerdista? Simples: Porque no Brasil a mídia, o ambiente escolar desde o
maternal até as universidades, os filmes, as novelas e tudo mais são claramente
dominados pela pérfida mentalidade socialista. E não é de se estranhar que, em
um país onde a oposição ao socialismo seja a sua co-irmã social democracia, isso
aconteça. Logo, torna-se natural que o tolo professor acredite, pela repetição
extenuativa, que tais lobbies são dogmas intocáveis e que se no mundo existe
alguém capaz de contestá-los, essa deve ser uma pessoa que não estudou o
suficiente ou que é mal intencionada. Frente a um contestador desse tipo o tolo
propagandista se vê plenamente apto para defender aquilo que não entende, dessa
forma, cumprindo o seu papel como um grande idiota útil que é.
Para esses tolos que se julgam sábios, eu encerro esse texto
deixando um trecho da Bíblia Cristã que encontra-se em Provérbios, capítulo 26,
versículos 11 e 12:
“Um cão que volta ao seu vômito: tal é o louco que reitera suas
loucuras.
Tu tens visto um homem que se julga sábio? Há mais a esperar de um
tolo do que dele”.
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