RÁDIO. Para quem tem ouvidos de ouvir
É incrível como ainda tem profissional de rádio que, para conseguir
manter patrocínio em seus horários, se vê obrigado a se derreter todinho
em elogios aos clientes como se fosse um favor a difusão da própria
mensagem. Há os que colocam a voz
do dono da peça publicitária na programação, os que citam os nomes em
meio aos anúncios e aqueles que não podem passar um só dia sem elogiar e
mandar um alô aos patrocinadores.
Imagem: William Tordu |
Na verdade, parece faltar a esses radialistas compreensão e bom senso de
entender que essa é uma relação comercial, num processo de troca e
venda entre duas partes, onde cada uma tem o seu valor específico. O
dono ganha anunciando; o rádio tem seu valor como anunciante.
A explicação que encontro para essa deformação, talvez esteja na herança
cultural colonialista que não larga o nosso pé. Sempre achamos que a
oferta de um serviço nosso, quando reconhecida nesse jogo de troca da
mídia radiofônica, seja 'coisa de outro mundo'. Como se anunciar num
horário fosse algo extraordinário e, por isso mesmo, todo essa clara
demonstração de submissão.
O patrocinador é importante. Importantíssimo. Mas o rádio também o é. E
quando não se tem esse entendimento, tiramos o seu valor. É preciso
impor respeito a ele e acabar com essa intimidação que só revela tibieza
de quem assim age, além de provocar demérito para o próprio veículo.
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